Falando sobre Arte...(1)
Definição de Arte
O principal problema na definição do que é arte é o fato de que esta definição varia com o tempo e de acordo com as várias culturas humanas. Devemos, pois, ter em mente que a própria definição de arte é uma construção cultural variável e sem significado constante. Até numa mesma época e numa mesma cultura pode haver múltiplas acepções do que é arte. Também é preciso lembrar que muito do que hoje chamamos de arte não era ou não é considerado como tal pelas culturas que a produziram. As sociedades pré-industriais em geral não possuem ou possuÃam sequer um termo para designar arte.
Numa visão muito simplificada, arte está ligada principalmente a um ou mais dos seguintes aspectos:
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a manifestação de alguma habilidade especial;
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a criação artificial de algo pelo homem;
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o desencadeamento de algum tipo de resposta no ser humano, como o senso de prazer ou beleza;
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a apresentação de algum tipo de ordem, padrão ou harmonia;
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a transmissão de um senso de novidade e ineditismo;
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a expressão da realidade interior do criador;
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a comunicação de algo sob a forma de uma linguagem especial;
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a noção de valor e importância;
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a excitação da imaginação e a fantasia;
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a indução ou comunicação de uma experiência-pico;
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coisas que possuam reconhecidamente um sentido;
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coisas que deem uma resposta a um dado problema.
Ao mesmo tempo, mesmo que uma dada atividade seja considerada arte de modo geral, há muita inconsistência e subjetividade na aplicação do termo. Por exemplo, é hábito entre os ocidentais chamar de arte o canto operÃstico, mas cantar despreocupadamente enquanto trabalhamos muitas vezes não é tido como arte. Pode haver, assim, uma série de outros parâmetros que as culturas empregam para separar o que consideram arte do que não consideram.
Mesmo que se possa estabelecer parâmetros gerais válidos consensualmente, a análise de cada caso pode ser extraordinariamente complexa e inconsistente. Num contexto geográfico, se a cultura ocidental chama de arte a ópera, possivelmente uma cultura não ocidental poderia considerar aquele tipo de canto muito estranho. Na perspectiva histórica, muitas vezes um objeto considerado artÃstico em uma determinada época pode ser considerado não-artÃstico em outra.
ARTE ….Conhecimento
A educação é uma das acções que definem a nossa humanidade: o ser humano transcende seu status animal pois vai além dos instintos: compreende, reelabora, reflecte, cria e recria, critica, aprende, ensina. A busca do homem através da história é sempre uma busca de compreender e transformar a realidade. Já foi dito que uma caracterÃstica distintiva do ser humano é a necessidade do supérfluo. O que ultrapassa os limites das necessidades básicas essenciais à sobrevivência e coloca-se no campo da atribuição de sentido é o que nos torna humanos. A admiração diante de um pôr do sol, a necessidade de deixar uma marca que dure além do efémero tempo de nossa existência, o incomodo diante da desorganização e a valorização de uma certa ordem individual, o espanto diante do inusitado, a apreciação da beleza, a reflexão sobre o que é diferente e nos provoca, todos os seres humanos vivenciam essas situações ao longo de suas vidas, pois são constituÃdos de dimensões fÃsicas, cognitivas, emocionais, sociais, éticas e estéticas. Essa caracterÃstica pluridimensional do ser humano, por si só já seria válida, para justificar a importância da arte na sociedade.
A arte é cultura. É fruto de sujeitos que expressam sua visão de mundo, visão esta que está atrelada a concepções, princÃpios, espaços, tempos, vivências. O contacto com a arte de diversos perÃodos históricos e de outros lugares e regiões amplia a visão de mundo, enriquece o repertório estético, favorece a criação de vÃnculos com realidades diversas e assim propicia uma cultura de tolerância, de valorização da diversidade, de respeito mútuo.
O conhecimento da arte produzida em sua própria cultura permite ao sujeito conhecer-se a si mesmo, percebendo-se como ser histórico que mantém conexões com o passado, que é capaz de intervir modificando o futuro, que toma consciência de suas concepções e ideias, podendo escolher criticamente seus princÃpios, superar preconceitos e agir socialmente para transformar a sociedade da qual faz parte. Além das já referidas justificativas ontológicas e culturais para a importância da arte, cabe falar da dimensão simbólica da mesma, do seu poder expressivo de representar ideias através de linguagens particulares, como a literatura, a dança, a música, o teatro, a arquitectura, a fotografia, o desenho, a pintura, entre outras formas expressivas que a arte assume no dia-a-dia. Essas formas são linguagens criadas pela humanidade para expressar a realidade percebida, sentida ou imaginada, e como linguagens que são, têm suas próprias estruturas simbólicas que envolvem elementos tais como espaço, forma, luz e sombra em artes visuais, timbre, ritmo, altura e intensidade em música, entre outros elementos inerentes a outras linguagens da arte. O conhecimento em arte amplia as possibilidades de compreensão do mundo e colabora para um melhor entendimento dos conteúdos relacionados a outras áreas do conhecimento, tais como matemática, lÃnguas, história e geografia. Um exemplo mais evidente é a melhor compreensão da história, de seus determinantes e desdobramentos através do conhecimento da história da arte e das ideias sobre as quais os movimentos artÃsticos se desenvolveram. Não existe dicotomia entre arte e ciência, entre pensar e sentir, entre criar e sistematizar, e a fragmentação do conhecimento é uma falácia que tem estado presente na educação, devendo ser superada, pois o ser humano é Ãntegro e total.

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